Um chá de ternura
"O que faz doer à alma é viver das sobras do tempo, restos
de carinho e retalhos de atenção."
Marcio Kühne
É UMA avó que conta que,
certo dia, sua filha lhe telefonou do Pronto-Socorro. Sua neta, Robin, de
apenas seis anos, tinha caído de um brinquedo, no pátio da escola, e havia
ferido gravemente a boca. A avó foi buscar as irmãs de Robin na escola e passou
uma tarde agitada e muito tensa, cuidando das crianças, enquanto aguardava que
a filha retornasse com a menina machucada.
Quando finalmente
chegaram, as irmãs menores de Robin correram para os braços da mãe. Robin
entrou silenciosa na casa e foi se sentar na grande poltrona da sala de estar.
O médico havia suturado a boca da menina com oito pontos internos e seis
externos. O rosto estava inchado, a fisionomia estava modificada e os fios dos
cabelos compridos estavam grudados com sangue seco. A garotinha parecia frágil
e desamparada. A avó se aproximou dela com o máximo cuidado. Conhecia a neta,
sempre tímida e reservada.
– "Você deseja
alguma coisa, querida?", perguntou. Os olhos da menina fitaram a avó
firmemente e ela respondeu:
– "Quero um
abraço".
Quando o coração está
dilacerado, quando a alma está cheia de curativos para disfarçar as lesões
afetivas, gostamos e precisamos que alguém nos conforte. E você? Já abraçou
alguém hoje?